Prefácio

Prefácio

Encontra-se poesia em todos os seres, em todos os gestos, em todos os lugares. Somos rodeados de poesia. Somos poesia.

É o poeta que, com sua sensível maneira de ver o mundo, o absorve mais com o coração que com a razão, impregna-se de beleza e derrama-a no papel. Ao poeta cabe fazer emergir a poesia que está mascarada, entremeada à realidade, ou que está escondida no interior de cada ser humano. Sim, é tarefa do poeta revelar a beleza e a emoção ou estado d´alma.

Há quem se pergunte por que o poeta escreve mais sobre tristeza e sofrimento do que sobre a alegria. A resposta não é tão simples, mas podemos arriscar: talvez porque ele fantasie a vida, sonhe acordado, olhe o mundo como ele gostaria que fosse e, ao deparar-se com a monotonia e a crueza da realidade, tem a coragem de falar do seu interior, do seu sentimento de mundo e de chorar palavras.

Os poemas de Expressões da Alma estão impregnados da emoção que flui da alma deste inocente poeta: Joselito de Souza Bertoglio, que capta a poesia, onde quer que ela se encontre:

·         na gota de orvalho, que rega a natureza à noite;

·         no amor, nas diversas formas, “em todos os momentos”, de formas diferentes”, às avessas”;

·         no “louco e misterioso” coração;

·         nos olhos e no olhar (elemento constante), que veem o mundo para absorvê-lo e compreendê-lo, e o poeta, então, ora “olha no olho do silêncio”, ora seu olhos se dilatam, ora sofre porque seus olhos não encontram os da amada; ora

“Eram negras as tardes

Que se vestiam de solidão

Com os olhos nebulosos.”;

·         no vento, que traz lembranças doloridas;

·         na saudade dos sorrisos, das “tardes serenas”,da lua:

“Em batidas de saudade,

Dobra-se meu coração.”;

·         na mulher amada, que aparece sob a forma de anjo,moça de “olhos cândidos”,nobre flor, rainha, flor simples dos campos, deusa que habita o Olimpo, doce flor de primavera, etc.;

·         na primavera, que chega para gáudio das flores.

A pureza deste jovem poeta está presente em cada poema.

A vida baila entre o ritmo e a rima num desejo imensurável de suportar adversidades.

Joselito se define como “poeta que vai pelas ruas como uma sombra esquecida”, mas põe à mostra em versos cadenciados uma alma que sonha com a vida e com o amor.

E entre um sonho e outro, o leitor pode deliciar-se com uma alma-menina, preparando-se para enfrentar a realidade, sem deixar-se dominar pelo desânimo. E o seu “eu” mostra-se sem pejo, sem medo, inteiro e esperançoso.

Mardilê Friedrich Fabre

2 de setembro de 2011