domingo, 28 de agosto de 2011

Porto inseguro


Porto inseguro



E soltei a âncora
Lancei-me no mar
Louco do futuro
Iço a vela, é hora
Sem mais demora
Hei de flutuar
No tempo inseguro..

Num porto seguro
Não vejo o farol
Pra saber voltar
Pro meu velho lar
Andei inseguro
Pelo mar escuro
Destes dias sem sol

Porto sem futuro
Caminho inseguro
Distante da frota
Nesta nova rota
Lembro do conforto
Da amada devota
Que deixei no porto

Sou filho dos mares
Sou irmão das ondas
Fazem-nos as rondas
As doces baleias
Ou seriam sereias
Seres milenares
Filhas das luas cheias

Sairei navegando
Neste mar de pranto
Longe do acalanto
Do porto seguro
Que acabei deixando
Por não ser maduro
E assim naufragando

Como um labirinto
Faço do futuro
Um porto inseguro
Nestas correntezas
De mil incertezas
Do falho instinto
De andar pelo escuro

Dos meus sentimentos
No mar do destino
Escuto o sussurro
Do vento ferino
No porto inseguro
Dos meus pensamentos...

Recolho a âncora


Recolho a âncora



Recolho a minha âncora
Solto a minha nau no mar
Navego em busca de um lar
Que há tempo ando fora...

Deixei para trás teu porto
Agora meu coração navega
Pelas brumas, vai à cega
Buscando novo conforto

Pela manhã divaga a bruma
Que são incensos seculares
É a doce magia dos ares,
Que a esta manhã perfuma...

Então a solidão de cada dia
É como o som de um vespeiro
No silêncio deste imenso veleiro
Navegando no mar da agonia...

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Repapsos de lembranças



Relapsos de lembranças


E a minha alma alcança
Os teus brandos mares
Sob o fulgor de antares
Minha nau por ti avança

São as tuas correntezas
Que ditam meu caminho
Vou navegando sozinho
Pelas tuas profundezas

Abro as velas do destino
A minha nau és tu agora
Iremos pelo mundo afora
Neste mar tão cristalino

Sim, eu desafiarei a vida
Neste veleiro velejando
Este meu marítimo canto
Deste amar sem medida!...

A fé me faz seguir adiante
Não há nada que eu ame
Mais do que este infame
Olhar de minha amante

O vento que toca a proa
Vai sacudindo os mastros
E que não deixam rastros
Chamam o teu nome a toa

Através das estrelas vejo
Os olhos de minha amada
Reluzentes pela alvorada  
Na manhã do meu desejo...

Apenas teu mar adiante
E com a minha vela içada
Rumo em direção ao nada
No quadro desta estante

E vou apenas navegando
Em relapsos de lembranças
Por mares de esperanças
Velho mar do “Memorando”

Sou só um velho lobo do mar
Ou o mais novo marinheiro
Por este mar tão traiçoeiro
Sempre distante do seu lar...

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Além dos sonhos


Além dos sonhos


Apenas ando pela vida
Cumprindo minha sina
A cada rua percorrida
Que a vida me destina

Dê-me a tua mão Ana
Caminhamos unidos
Nesta longa caravana
Pois passos solitários
São bem mais doídos...

Então pule a cerca
Antes que o nosso
Amor por aí se perca
Pois no lado de cá
Ele é mais saboroso?!

Não deixe pra depois
O que lhe proponho,
Será só nós dois
E mais ninguém,
E podemos ir além
Dos nossos sonhos...

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Um novo eu


Um novo eu


Deitado num barco vendo a noite
Em que uma bruma translúcida
Cobre sutilmente a luz da lua
De repente minha alma voa

Meus olhos atingem o êxtase
E flui um oceano de emoções
Sinto uma centelha divina
Flamejando dentro de mim!

Agora se revolve meu coração
A noite vai seguindo a sua rota
A lua fica cada vez mais avivada
Vai reluzindo o meu caminho

Sinto em minhas mãos tocando
As águas cálidas deste manso rio
Comungo com a magia desta noite
No ameno soprar desta brisa

Sinto-me mais a vontade,
Mais solto, mais renovado,
Já vai raiando um novo dia,
E um novo eu também...

domingo, 21 de agosto de 2011

Simples olhar


Simples olhar


Senti passar por mim
Um feixe de energia
A luz dos teus olhos
Embriaga-me de calor

Imagino o teu toque
Percorrendo meu rosto
Ávidos e carinhosos
Cercam-me de todos
Os jeitos e lados

Vi-me cercado de sonhos
Estremecendo de desejos
Meus lábios atônitos
Sedentos se revolvem...

Sou tomado por anseios
Sinto a vida atroante
Percorrendo meu corpo
Nesse instante pude voar

E na luz dos teus olhos
Percorrendo rapidamente
Todos meus pensamentos
Com um simples olhar...

Acumulai apenas


Acumulai apenas


Acumulai apenas
O que podes
Levar nas mãos

Eterno é o tempo
Só para os deuses
Vós que sois mortal
Tendes de herança
Apenas o momento...

O que sabes ao certo
O que há atrás
Do véu da morte?
Eterna salvação
Se tivermos sorte,

Pois aqui de eterno
Apenas o agora,
Equilibrai o pensamento
Desfruta os sentimentos

Não como cavalo xucro
Desesperado galopeando
Pois se houver após
A morte eternidade
Esta por si vem de lucro...

Armadilha


Armadilha


A vida trilha
Seu longo trilho
Quem atalha
Em qualquer atalho
Ás vezes cai
Na armadilha
Do velho lobo mal

Quem trilha a vida
Corretamente
Corre menos riscos
De sair da trilha
De se acertar
Com as próprias
(arma)dilhas...

Quem nega a vida
Cai na armadilha
De construir uma ilha
Em torno de si
Quem troca as pilhas
E segue pela trilha
Acende a luz e brilha...