Ode a água
Ó água senhora e mãe da vida
Em cada uma das gotas vertidas
Pulsa o coração do planeta...
Vós que alimenta as nuvens
E numa fúria se descarrega
Em chuva formando um véu
Rasgando o céu brandamente
Vós que estais dentro de mim
O dorme no âmago do meu ser
Vós sois grande mãe e anciã
Ouça este singelo canto!
Que a ti elevo ó senhora
Grande é a tua mansidão!
Banha-me nas tuas águas!
Na leveza do teu seio
Sinto acalmar a ventania
As noites marcam as faces
Nas fases das tuas marés
Tu que reflete os céus
Ó eterno espelho das estrelas!
Sob teus lençóis antevejo
A branda luz do alvorecer
Os contornos das tuas formas!
Vós que estais presente
Em cada uma das estações
Germinando as sementes
Nutre a terra, combate o fogo!
Clame a ti o nobre elemento!
Sim! Tu és nobre por excelência!
Tu que és tão penitente! A quem
Que a humanidade tanto zomba
E enche tuas veias de venenos
Tolere toda esta indiferença!
Seja numa brisa ou numa tempestade
Sinto desabrochar da tua energia
Vibram as raízes quando tocas a terra
Bailam as árvores embebidas!
Antevejo a tua fúria varrendo o mundo
A condenação do nosso futuro,
Tu que já varrestes as impurezas
No teu justo dilúvio! Sim senhora!
Tua nobreza é incontestável!
Sejas assim em nós pra sempre!
Entrelaço-me no teu véu
Sinto o enlear da tua garoa
E ao beber-te me renovo...
No teu âmago mais profundo
Vejo de florescer o mundo
No jorrar de tuas veias
O límpido sangue precioso!
Movimenta-te ó rainha cristalina!
Vós que em conjunção com ar
Formam o pulmão deste mundo!
A ti deixo ofertado este canto!
Eterno como a tua essência
Soberana da eternidade!
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Almas que se expressaram