sábado, 17 de novembro de 2012

Faces do amor e da dor LXXI


LXXI

 

 

Sentia-a suspirar devotadamente,

Como quem chega ao clímax da existência

No calor amoroso ferve a essência

Do gozo orvalhado da pele ardente

 

Como lábios que tocam suavemente

Com um luxo ardiloso de indecência

Num êxtase beirando a dependência

Como um broto florido da semente.

 

Suas unhas passavam como as de leoa

Que mergulha num ritual predatório

Como um invólucro de sensações,

 

Sorrindo como abelha quando ferroa

Tocava os lábios em tons de excitações

Trepidando num cálido ofertório...

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Faces do Amor e da Dor XXV

                XXV


  

Voraz como trovão em meu pensamento
Banha-me uma insana onda de saudade
Num mar de desapego e de vaidade,
Fases, faces – disfarces de momento.

 
Uma voz baila em suave movimento
Tal fosse uma canção de liberdade
Em revoadas, fragmentos de verdade,
Um galho que traz em si o seu rebento. 


Jurei deixar-te pra trás, no passado
Que sempre volta como um mar faminto,
Num rugir voraz como leão zangado.

 
Como quem navega num sonho bom
Quando acorda dentro de um labirinto
De uma triste manhã sem qualquer tom...

sexta-feira, 23 de março de 2012

ESCOLHA DA CAPA DE "AS BRUMAS DO DESTINO"


Gostaria de promover aqui uma votação para escolher a capa entre dois modelos

Modelo 1

Modelo 2



APRESENTAÇÃO

"As Brumas de Meu Destino", marca a transformação de minhas crenças, a forma como observo a vida, o tempo, a ligação entre a natureza e a vida que ela abriga e principalmente a minha existência humana, tanto em forma de sentimento, quanto de visão de mundo. Estes poemas são de cunho existencial, portanto uma auto-reflexão na busca de suprir o "vazio existencial nato". Não é meu intuito aqui denegrir ou influenciar qualquer forma de crença a quem quer que os leia, afinal, é uma escolha individual que cabe exclusivamente ao indivíduo.

Outro ponto que também vem como marco deste trabalho, é o tema de aproveitar o tempo que nos é escasso com coisas que nos fazem felizes, e deixar para traz tudo que nos faz ficar tristes e negativos, afinal o tempo é curto de mais para vivermos preso ao passado, e principalmente para ficarmos nos privando da vida por evitar coisas novas por experiências negativas que são necessárias para moldar os nossos caminhos.

Este livro é inspirado nas obras dos poetas heterônimos Ricardo Reis e Alberto Caeiro do poeta Fernando Pessoa, e que em minha opinião é o maior de todo o tempo, me inspira muito o pensar destes dois heterônimos por que eles veem de encontro ao modo como vejo e encaro a vida e as situações da vida, apenas diferindo em alguns pontos como a visão em relação aos deuses, cada um cria o seu se acordo com que lhe é ensinado ou pela experiência na busca por uma explicação onde a luz da razão não alcança, e até para encarar seus medos.

Joselito de Souza Bertoglio

quinta-feira, 22 de março de 2012

PRONUNCIA-SE


PRONUNCIA-SE o dia num lindo arrebol
No frêmito das tulipas ao sol
E pelos rubis azuis - esverdeados
Encontro um espelho pra minha alma,
Pelos longos fios loiros de ouro alados
Um universo controverso (a calma)...

E num alvoroço o dia pede pressa
Só pra mais uma rápida conversa
E numa nuvem branca se dispersa
(quem tão de repente está às avessas)

O tempo dispara como uma lança
Para dar um sopro o vento que espera
Depois de tanto pairar a calmaria
Súbito num louco bater alcança
Da flor o amor, a sua mais doce iguaria...

segunda-feira, 19 de março de 2012

TEUS OLHOS


TEUS OLHOS que outrora pairava tanta vida
Estão frios como as brancas florestas de Asgard
São como os de uma linda loba sempre à espreita...

E o fundo do seu olhar é como trilha estreita
Olhá-lo é como caminhar numa caverna
Onde não tem mais que um silêncio implacável
Varrendo as ruas como uma voraz avalanche

Antes de suspirar em mim a luz do dia
Como uma vã brisa pelo prado longínquo
Esvaem-se as esperanças de dias melhores,

Como relâmpago cruzando os pensamentos
As nossas velhas noites se vão como folhas
Por primaveras que a cada dia mais distantes

Da sua lembrança não me restou mais que um sopro
Que se propaga num eco oco no horizonte
Resquícios soltos num verso pelo universo...

quarta-feira, 14 de março de 2012

Caminhos Opostos


Caminhos Opostos     


E dos rostos virados
Fez o destino oposto.
O que era belo e claro
Tornou-se estranho.

Dos caminhos opostos
Fez-se o destino inverso
E dos olhos flamejantes
Fez-se o brilho incerto.

E das lágrimas vertidas
Fez-se o olhar deserto.
Enferrujou-se o sorriso
Diante do olhar disperso.

E nos casos do acaso
A vida se transforma.
Faz do próximo distante,
E do caminho certo
Um andarilho errante.

E diante do fim do amor,
Que a tempo já não existe
Reside só em pensamento.
E dos rostos virados
Fez-se o caminho oposto...

segunda-feira, 5 de março de 2012

NOS OLHOS


NOS OLHOS imóveis

Correm pensamentos

(o fascínio)



Veem pétalas ledas,

Exalam perfume

(o vestígio)



Nos olhos que lúmen

Nas formas di(amante)

(como um vício)



Olhares se envolvem

E depois se evitam

(o exercício)



Na aresta dos rostos

Tímido sorriso

(um indício)



Nasce deste brilho

A mais fina chama

(um resquício)



Num olhar nascente

Brota o sol fervente

(no princípio)



Sopra então o destino

Nas asas do acaso

(um auxílio)



Pétalas ao vento

São os cabelos vernais

(como um pávio)



De repente acende

Algo já dormente

(num assovio)



Ao flamar da chama

Aos poucos consome

(o precipício)



Como tempestade

Vai varrendo tudo

(um anúncio)



Dos rostos virados

O sentido oposto

(nasce o exílio)

sábado, 25 de fevereiro de 2012

MINHA FANTASIA É VOCÊ


MINHA FANTASIA É VOCÊ





Despi-me de mim mesmo

E me revesti em tua pele

(como um lírio silvestre)



Se de ti se veste minha pele

Dela verte o suor sagrado,

(o carnaval da paixão)



Mãos que acariciam,

Mãos que arranham

(precipitam-se)



Revestindo-me de ti

Descobri que na verdade

És tu que se reveste de mim



(do lírio silvestre tu és as pétalas

e eu sou o caule no ápice do amor)...

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

NÃO QUERO AS MIGALHAS


NÃO QUERO AS MIGALHAS





Não quero as migalhas

Que teus olhos me oferecem

(quando imóveis)



Nem me agrada o teu sorriso

Expressado pelas veredas

(como quem disfarça)



Não penetram em meu coração

Dizendo-me que queria que tudo

Entre nós fosse diferente,



Quem ama de verdade escuta

Mesmo quando parece a mentira

Mais absurda...



Tantas vezes tentei lhe falar

Esbarrando em “talvez”, em “sei lá”



“quem ama, busca encontrar”

Sem desculpas, sem justifica,

“quem ama quer estar”

Sem promessas evasivas

Sem demora, sem hora, simples assim...


sábado, 18 de fevereiro de 2012

DISFARCE


 
Disfarce


Entre enlaces
E mil disfarces,
Desejo-te...
Renegando,
Chamo-te
Discretamente...

Devotadamente
Num olhar sutil
Sem nem saber,
Por que te chamo!

Nos teus disfarces,
Mostras as fases
De um amor febril.
Então te chamo
Fervorosamente...

Envolto nas faces
De meus disfarces,
Imito todas as faces
Dos teus disfarces
Inconscientemente.

Palavras ao vento,
Gestos contraditórios
Revelam-se segredos.
Ai como eu te amo!
Amo inegavelmente...

Pode ser em pensamento
Com meus olhos ledos
Teus sorrisos, 
Ou só por fascínio...
Perco o domínio.

Sobre os disfarces
De nossas faces,
Voraz enlace
Devora-nos
Incessantemente
Em vaidades.

Se nos perdemos,
Ou esquecemos
De nos lembrar
Que nos amamos
É assustador.

Nas suavidades
Dos teus lábios,
Cálidos vestígios
Que vertem sabores.
Inexplicavelmente...

aí, aí, disfarces,
Faces do enlace
Louco furor,
Plácido sentir,
E este nos é
Tão divergente!

Consumimo-nos,
Fogo abrasador,
De repente, nos esvaímos
Como quem se fica
À margem de si mesmo,

Num disfarce de fases.
Confesso-te que eu amo
Simplesmente
Em todas as faces
Dos teus disfarces...

Mesmo que se embacem
Os olhos com o impasse,
Que se desenlacem
As faces do teu disfarce...

Nos disfarces
Da minha face,
O súbito enlace
Das nossas faces
De um beijo
Forja-se o amor
Tão de repente...