segunda-feira, 30 de maio de 2016

AS BRUMAS DO DESTINO vol 03 - O clamor das brumas escuras (A elegia) - Parte 01 - A frieza das brumas matinais - elegia 04










 
 
AS BRUMAS DO DESTINO
 
O clamor das Brumas escuras (A Elegia).
Parte 01
 
A Frieza das Brumas Matinais.

-4-

Ó lancinante manhã chuvosa,

a tristeza é gota na janela,

pinga tal goteira na panela,

boceja pelo ar dor ardilosa

nas batidas vãs do campanário,

badalam corações os partidos,

triste olor que retorce sentidos

dispersos pelo o olhar solitário.

Ó gélido abraço desta aurora em cinzas

sussurrando o vácuo deste meu embargo

enquanto o coração bate em passos largos,

embebedando-se de tolos conselhos

que retorce a autoimagem nos espelhos

para afogar-se em suas brumas ranzinzas.

Tu chuva que lavaste minha alma outrora,

no ardor serrano do teu fogo silvestre,

que ascendia meu coração pelo cipreste

por que me desnuda da tua calma veste?

Deixando-me nu de mim por este alpestre

 que ruge com frieza de afiar espora.

Badala o coração na crista errante

que borbulha pelo vácuo do orvalho

driblando a dor que se assenta no peito,

tal musgo que se prende no carvalho.

Afina os tons da aragem galopante,

que aguça a dor outrora rechaçada,

a emoção nas arestas frauda o pleito

dá a ilusão de ser coisa desalmada.

Ruge ó manhã de escombros,

de fúria malfadada!

Abre o olho, pra cilada!

Mar de estrondos – prisão

em sombras de aflição

em montanhas de assombros.

Uiva o vento feito aves de rapinas

que circundam o céu meio noturno

e o  coração se espreme entre batidas

rugem como os tambores de saturno,

o olhar varre o silêncio das esquinas,

folhas voam e anunciam partidas

deixando as árvores desnudas sinas.

Desnudam-se diante do espelho mentiras,

a saudade é laço do chicote que pune,

a culpa é nau perdida no mar do remorso,

como sair desta vã jornada autoimune?

É mar voraz de se perder de vista,

é erguer as velas num ar de sátiras,

daqueles que aplacam qualquer esforço,

naufraga sem deixar nenhuma pista.

Nada penso, espero o vendaval aplacar

o furor deste alvor silente que atormenta

e que revolva esta mágoa que aqui se assenta,

e lancem as boias neste dia que se afoga

nesta dor que logra, e do vazio que se outorga

nesse estranho vício de se auto flagelar.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Árdua Madrugada



 
 
Árdua Madrugada

 

Pálida madrugada, rosa de cristal,

Sobrevoa nas asas de uma aragem

Pouco a pouco varre a blindagem

O olhar esparso no enleio do vitral.

 

No furor da noite toca o crepúsculo,

A lua de sangue no céu se incendeia

Então o teu fragor translucido clareia

A aurora da alma rompendo o casulo.

 

Canta a fúria escarlate no seio do luar

Engolindo-me em suas asas de veludo

E as estrelas em chamas de tom agudo

Fazem minha cabeça em sonhos rodear.

 

Esculpido nos meus olhos a saudade,

E seu árduo reflexo escarlate na janela

O vento trépido num instante congela

A sombra de ver morrer nossa afinidade.

As brumas do destino vol 04 - odes a macies das brumas claras - parte 1- o êxtase das mansas brumas envoltas nos lencóis - poema 02








2-

 

Vejo o sol tocar tua pele de rosa primaveril,

e afaga cada linha inexorável de tua beleza

transforma num cálice o suor num orvalho febril,

acalmando-me com um robusto aroma de leveza.

vi amanhã se erguendo no céu como voraz obelisco

com minha espada, afoito desbravo tua tenra floresta.

As carícias molhadas subjugavam num chuvisco

ardiloso de sensações dos corpos numa seresta.

Compartilhamos nossos corpos e espíritos sedentos.

Não importa quantas mortes eu tenha para enfrentar,

renasceria todas elas só pelos nossos momentos

e eternamente por nossa fértil vinha velejar.


segunda-feira, 23 de maio de 2016

As brumas do Destino vol 04 - Odes à Maciez das Brumas Claras (poema 01)

 
-1-
Apaga-me nas fontes caudalosas
sob o julgo dos lábios sedentos.
Emana o vale fértil de rebentos
envolto a calda de amoras sedosas,
sopra-me avivamentos.
Afaga-me no suspiro amoroso,
ó flor silvestre, cólera de ardores!
As estrelas soam ternos tenores,
banha a alma num abraço sedoso,
              dê-me falsos pudores.
Renda-me no mar da delicadeza
no silvestre fogo de chão forjada,
ser sólida e voraz, porém alada,
de palpitar feroz, ar de nobreza,
faz-me sua morada.


Joselito de Souza Bertoglio.