terça-feira, 9 de agosto de 2011

Ode ao outono


Ode ao outono

Saúdo-te ó senhor outono,
Uivam teus ventos sedentos
No doce bailar das folhas
Abranda-me a tua áurea
Das tuas tardes amenas
Nelas levita a minha alma...

Como é bom banhar-me
Na tua imensa pureza nata
Que esconde sutilmente
Os prenúncios invernais
Em teus efêmeros perfumes
Fulgor telúrico de tuas flores

Sinto a tua mansidão tocando
A minha face calidamente
Como se estivesse na companhia
De todos os deuses supremos
E destilasse o mais puro néctar
Do olimpo, do éden, de Avalon

Sinto todos os fogos
Sinto todas as águas
Sinto todos os ares
Sinto todas as terras
Sinto todos os gozos

Ó quantos são os encantos
Têm teus cantos magistrais!

A como é bom desfrutar
Da mansidão dos teus dias
Saciar os meus anseios
Nas tuas tardes silenciosas
E flutuar como a bruma
Por teus céus quase invernais...

Dançam meus olhos pelo horizonte
Com teu brilho resplandecente
No crepúsculo em neon efêmero 
Ó Grã-imperador do arrebol
Despende pelo céu a magnitude
Mística de teus tons divinos...

Transparece nas tuas tardes
O éden vertendo a fonte da vida,
Tuas manhãs é o olimpo
Regozijando no banquete dos deuses
Tuas noites são as brumas de Avalon
A pura e sagrada essência do mistério...

Vós que sois o feiticeiro dos crepúsculos
Ciganos das tardes chuvosas,
Das brisas que revelam minha alma!

Como um lençol de seda
Tuas noites de lua cheia clareiam
A solidão de meu quarto,
As ruas são os corredores
Por onde voam meus pensamentos
Como cavaleiros errantes

Teus dias vêm, passam e repousam
Sobre a minha alma modificando
A minha essência, uma nova existência
Dentre as tantas faces que tuas tardes
Em mim se desenharam e marcaram,
Tantos foram os sonhos vividos!...

Meu coração bate calmamente
Enquanto saboreio teus frutos
E sinto o tacar de tuas brisas
Hoje eu vos digo senhor outono
Que eternamente faça parte de mim
A sutileza dos teus mistérios

Serei servo fiel de tuas manhãs
Serei eterno cigano de tuas tardes,
Devoto andarilho das tuas noites
Lobo solitário de tuas madrugadas
O sopro amoroso dos teus ventos!

Eterna são tuas estrelas!
Refugio de minhas insônias
Eternos são teus dias!
Recanto dos meus pensamentos!
No âmago recôndito de tua essência
Morrem as minhas aflições...

Ó senhor das noites estreladas
Aonde meus sonhos eu vim resgatar
Teus ciclos sempre acompanham
A minha trajetória pelas diversas vidas
As que tive que tenho e as que terei...

Estarei sempre a te acenar,
A vislumbrar teus horizontes
Pois sou eterno viajante do tempo
Estarei nas trilhas brilhando
E uma das tuas estrelas cadentes
Nos teus arco-íris coloridos
 Das tuas tardes mágicas...

Despeço-me por hora
Pois sei que outrora,
Sobre a tua aurora
Novamente renascerei...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Almas que se expressaram